Nada ou tudo, conforme a perspetiva. É que o mindfulness (ou atenção plena), mais não é do que a prática sustentada da observação e aceitação daquilo que é – do que estou a viver, sentir, ver, ouvir neste momento – sem necessidade de fazer o que quer que seja para mudar, deixando simplesmente que as coisas sejam o que são. E respirar com isso.


Só respirar e aceitar.

Permitimo-nos apenas ser e estar. Sem resistir, negar, combater, controlar, manipular, adulterar.
O que é que isto tem a ver com o António Variações? É que um dia destes, ao pensar no que é o mindfulness, lembrei-me desta música dele, “Estou Além”. A prática da atenção plena ensina-nos a, perante esta angústia existencial, olhar para ela e acolhê-la, tal como ela é (dói e é desconfortável, não nego). É não estar além, mas ficar, permanecer.

Não estou a falar de conformismo, atenção. Mas sim de treinar o permitir-me parar para observar as situações, inteirar-me delas e aceitá-las tal como se me apresentam. O que eu decido fazer depois dessa observação já é outra coisa.

Mas essa outra coisa será totalmente diferente porque, entretanto, parei para olhar com atenção.

Já houve alturas da minha vida em que me identifiquei profundamente com esta letra do António Variações. Nem sempre parei para observar e acolher (durante anos, nem sabia que se podia fazer isso, na verdade). Talvez porque esta angústia existencial não me era/é alheia, fiz o caminho que fiz, faço o caminho que faço. Mas, hoje, oiço esta música de forma totalmente diferente da que ouvia antes.

E vocês, como é que ouvem, hoje (neste exato momento), esta música?