Do mesmo modo que um pão precisa de ar para levedar, também tudo o que fazemos precisa de conter no seu âmago um espaço vazio.

Thomas Moore, in “O Self Original & Meditações”

A palavra “meditação” é habitualmente utilizada para significar diferentes práticas, com diferentes propósitos, o que pode levar a alguns mal-entendidos. Neste caso, nesta página, encontras informação sobre a meditação transpessoal, baseada na meditação zen, bem como sobre atenção plena, também frequentemente designada no Ocidente como mindfulness.

O que é a meditação?

A meditação é dos exercícios mais simples que qualquer um de nós pode levar a cabo. E também dos mais proveitosos, porque o que nos dá é imensurável. Aliás, os benefícios de meditar estão amplamente descritos na literatura, como descrevo mais abaixo.


Meditar consiste simplesmente em treinar o foco da atenção, com consciência e de forma voluntária. Normalmente, o foco é a respiração, mas o treino poderá passar por outros objetos meditativos, como a chama de uma vela, por exemplo. Quando conseguimos concentrar a atenção num determinado foco, a habitual dispersão de sensações e pensamentos relacionados com o mundo exterior começa a diminuir, orientando-se para o interior, permitindo aumentar a autoconsciência.


Repara que uso a palavra “treino”, porque de cada vez que meditamos é isso que estamos a fazer, tal como quando vamos ao ginásio para melhorar a nossa condição física, ou quando tocamos um instrumento musical com vista a aperfeiçoar a nossa aptidão. Ou seja, quando nos sentamos para meditar estamos a treinar a nossa atenção, a nossa capacidade de estarmos focados. Quanto mais meditamos, mais trabalhamos o nosso “músculo” da atenção e, consequentemente, mais ampliamos o conhecimento que temos sobre nós, sobre os nossos pensamentos, emoções e sentimentos.

Já experimentei meditar e não consegui. É possível que eu seja incapaz de meditar?

É muito raro que alguém que medita pela primeira vez sinta um conforto absoluto na prática. Meditar implica que nos concentremos em algo muito simples e que está sempre connosco (afinal, é o que nos permite viver), isto é, a respiração. Como tal, toda a gente, salvo algumas exceções específicas, é capaz de meditar. Mas embora o enunciado do exercício seja do mais simples que há, cumpri-lo não é fácil, sobretudo num mundo, como aquele em que vivemos, cheio de distrações e notificações. De facto, habitamos cenários em que a nossa atenção está sempre a ser requisitada para cumprirmos tarefas (aparentemente) inadiáveis, como seja sabermos as últimas notícias, inteirarmo-nos das mais recentes modas e tendências, fazermos formações e enriquecermos o nosso currículo, comprarmos objetos que nos permitam transmitir o status que julgamos ser adequado a pessoas como nós, respondermos a todas as mensagens que nos chegam com caráter de urgência… quando urgente é a nossa necessidade de manter o foco e o equilíbrio num dia a dia com estas características.


Assim, claro que é muito possível que quando alguém medita pela primeira vez sinta que não o consegue fazer. Parabéns, meditar é isso mesmo! Meditar é simplesmente recolhimento, focar a atenção na respiração (ou noutro ponto) e perceber que a atenção tem uma espécie de “vida própria” e está sempre a ir para outro sítio que não aquele onde nós queremos que esteja. Meditar é tomar consciência disso, perceber para onde estivemos a “olhar” nesse entretanto – e fazê-lo sem julgamento – e depois chamar a atenção de volta à respiração, uma e outra vez, focando-a no que queremos focar. E isto durante o tempo que se decidiu atribuir à prática, tal e qual como numa ida ao ginásio.

O que é o mindfulness?

Mindfulness, que significa atenção plena, é a designação utilizada no Ocidente para uma técnica milenar, com raízes no budismo, que tem vindo a tornar-se cada vez mais popular nos últimos anos. Mais do que uma moda, deve ser encarado como uma prática ou filosofia de vida.


Na essência, o mindfulness é a prática de estar completamente presente no momento presente, sem julgamento. É a capacidade de prestar atenção, de forma intencional, ao aqui e agora, cultivando uma atitude de abertura e curiosidade em relação à experiência vivida no momento, seja ela positiva, neutra ou negativa.


Um dos principais responsáveis pela disseminação do termo “mindfulness” no mundo ocidental foi o médico norte-americano Jon Kabat-Zinn, que em 1979 criou, na Universidade de Massachussets, nos EUA, o programa MBSR – Mindfulness-Based Stress Reduction, um programa intensivo de redução de stress, cientificamente comprovado, baseado em práticas de mindfulness. Originalmente, o objetivo de Kabat-Zinn passou por ajudar pacientes com dor crónica a melhor gerir e reduzir os sintomas, tendo criado para o efeito um programa baseado na sua própria prática enquanto estudante de budismo zen, mas sem qualquer componente religiosa.

Quais são os benefícios da meditação?

São muitos os benefícios da meditação, muitos deles atestados por investigação científica. Entre os mais comuns, destacam-se:

 

• Redução do stress e ansiedade;

• Aumento da capacidade de foco/concentração;

• Gestão de estados depressivos;

• Maior autoconhecimento;

• Observação dos pensamentos e consequente “libertação da mente”;

• Lidar com eventos de vida difíceis;

• Maior serenidade e relaxamento;

• Aumento da empatia;

• Maior autoconfiança e autoestima;

 

• Gestão de medos e fobias;

• Abandono de hábitos nocivos /vícios;

• Redução da pressão sanguínea e do nível de colesterol, contribuindo para ajudar a prevenir doenças coronárias;

• Desenvolvimento da criatividade, intuição e afetividade.

Se tens interesse em iniciar uma prática meditativa ou esclarecer alguma dúvida sobre meditação e mindfulness