“Se quiseres conhecer uma pessoa, escuta-lhe os olhos”
Mia Couto in “As Mulheres de Cinza”
O que é a terapia transpessoal?
A terapia transpessoal procura responder a necessidades do âmbito mental/psicológico, mas também emocional, físico, social e até intelectual, com uma atenção especial na dimensão espiritual da pessoa que procura acompanhamento.
No fundo, e à semelhança de outras intervenções terapêuticas, também aqui o foco passa por ajudar adultos que querem levar a cabo processos de crescimento e mudança, alívio do sofrimento e/ou maior compreensão de si mesmos, em direção a uma vida com mais sentido. Nesta abordagem, todas as dimensões que compõem o ser humano estão presentes, incluindo a dimensão transpessoal/espiritual.
O que está na origem da terapia transpessoal?
A terapia transpessoal tem as suas raízes na Psicologia Transpessoal (a chamada “quarta corrente” dos estudos psicológicos), e surge no final dos anos 1960 na sequência da corrente Humanista.
Assenta sobretudo nos trabalhos desenvolvidos por nomes de referência, como Abraham Maslow, Stanislav Grof, Carl Jung, Carl Rogers, Roberto Assagioli, Rogers Walsh, Ken Wilber, entre outros.
Importa ter em conta que Abraham Maslow, um dos teóricos mais influentes da Psicologia Transpessoal, fora também um dos grandes nomes da corrente anterior, a Psicologia Humanista. Porém, a determinada altura, ficou claro para ele e para outros colegas que esta corrente deixara de fora uma parte fundamental da experiência humana – a dimensão espiritual – pelo que sentiram necessidade de criar uma nova e mais abrangente teoria psicológica.
Surge, assim, a Psicologia Transpessoal (de que resulta a abordagem terapêutica transpessoal), bastante influenciada pela crescente atenção que o Ocidente começava na altura a dedicar às filosofias e tradições espirituais oriundas do Oriente, nomeadamente, à prática da meditação e ao estudo dos estados ampliados de consciência.
Em que pilares assenta a terapia transpessoal?
A terapia transpessoal estrutura-se a partir de alguns pilares considerados fundamentais
- Profunda capacidade de observação e escuta por parte do terapeuta;
- Silêncio para permitir que a pessoa se possa exprimir ao seu ritmo e no seu tempo (os processos não são apressados com vista a atingir objetivos calendarizados);
- O caminho empreendido pela pessoa que busca acompanhamento destina-se a que esta alcance uma visão integral sobre si e sobre a sua presença no mundo, na sua relação com os outros e com os espaços em que se insere;
- No acompanhamento estão sempre presentes a empatia, a compaixão e a ausência de julgamento por parte do terapeuta (cada história é um tesouro e como tal deve ser acolhida);
- O terapeuta acompanha a pessoa na viagem profunda que esta se disponibiliza a fazer ao seu mundo interior;
- Procura-se a aceitação e a integração dos momentos difíceis e desafiantes da vida, bem como de sentimentos, emoções e “sombras”, isto é, das facetas que todos os seres humanos possuem, mas que rejeitam em si e nos outros (mesmo que inconscientemente).
Em que que medida se diferencia de outras abordagens terapêuticas?
A terapia transpessoal diferencia-se de outras abordagens ao prestar atenção a todas as dimensões que integram o indivíduo, sem deixar nenhuma faceta de fora. Assim, além de prestar atenção ao lado físico e mental/psicológico, a terapia transpessoal contempla também as dimensões emocional, social, intelectual e espiritual, sendo sobretudo esta última que a distingue de outras correntes.
Esta abordagem poderá também diferenciar-se de outras ao privilegiar a escuta ativa e o silêncio como estratégias de base, e por não perseguir o objetivo de cura, mas sim de sanação, levando a que a pessoa abarque a sua totalidade. Com efeito, para a terapia transpessoal, a pessoa que busca acompanhamento não precisa de ser curada ou “consertada”; precisa, sim, de juntar todas as peças que fazem dela quem é. Com efeito, sem nos depararmos com as sombras não as conheceremos. E, para nos sanarmos, precisamos de as vislumbrar, reconhecer, aceitar e integrar. Só assim a mudança acontece e só desta forma é possível seguir em frente.
A diferença entre a terapia transpessoal e outras abordagens terapêuticas pode encontrar-se também nas ferramentas a que recorre (ver pergunta seguinte).
O que esperar de uma sessão?
A escuta ativa, por parte do terapeuta, é o pilar principal da terapia transpessoal. O objetivo é que o terapeuta esteja totalmente presente para escutar e acolher o que é partilhado, sem qualquer tipo de julgamento. O terapeuta acompanha, ouve e apoia na travessia, ilumina questões e temáticas relevantes, de forma a tornar visto o que está invisível para quem busca apoio, mas nunca indica o caminho a seguir.
À semelhança de outras abordagens terapêuticas, o mais comum é que as primeiras sessões sejam destinadas a ouvir a história de quem chega, bem como a definir o motivo que levou à procura da terapia.
Além da escuta atenta e da presença, o terapeuta transpessoal recorre ainda a uma diversidade de técnicas, muitas das quais oriundas da psicologia contemporânea, mas também de tradições espirituais de todo o mundo, para melhor acompanhar quem chega até si. Entre as técnicas a que pode recorrer destacam-se os exercícios de visualização, meditação e práticas de atenção plena, exercícios de relaxamento, trabalho com a respiração, terapia pela arte, trabalho com os sonhos, trabalho com o corpo/movimento, terapia narrativa, journaling (escrita de diário), abordagem sistémica, entre outras.
A escolha das técnicas a utilizar terá sempre em conta a pessoa em causa, as suas características, necessidades e, também, afinidades.
Importante: O terapeuta tem o dever ético e deontológico de assegurar a total confidencialidade acerca da identidade do cliente e do conteúdo das suas partilhas, garantindo que o tempo e espaço em que a sessão decorre são totalmente seguros e invioláveis.
Onde se realizam as sessões de terapia transpessoal?
As minhas sessões de terapia transpessoal podem realizar-se presencialmente, em Algés, ou online, de acordo com a preferência e disponibilidade de quem me procura.
Em que situações é indicada a terapia transpessoal?
A terapia transpessoal está indicada para o acompanhamento de casos de ansiedade, depressão, confusão mental e emocional, estados de medo/pânico, processos de luto e perdas, crises e ruturas (nas relações, no emprego, etc.), abusos e relacionamentos problemáticos, desconexão do corpo e das emoções, processos de perdão e cura do passado, dependência de substâncias, bloqueios e traumas de infância, entre outros. Adequa-se também ao acompanhamento de situações de dúvida, angústia, incerteza sobre o caminho a seguir ou a períodos de questionamento existencial.
De salientar que a terapia transpessoal não substitui o acompanhamento por outros profissionais de saúde, nomeadamente, especialistas em Psiquiatria ou outras áreas. Acima de tudo, e nos casos em que tal se justifica (por exemplo, quando há um diagnóstico clínico), é defendida a complementaridade de cuidados, modalidade em que a terapia transpessoal se integra perfeitamente, tendo em conta a visão holística que propõe.
O que não é a terapia transpessoal?
É importante deixar claro que a terapia transpessoal não é, não defende nem impõe qualquer tipo de religião ou prática religiosa. A terapia transpessoal tem em conta, sim, a dimensão espiritual (onde se inclui a religião) da pessoa que procura acompanhamento, acolhendo-a sem qualquer julgamento.
Da mesma maneira, a terapia transpessoal recusa abordagens habitualmente associadas aos movimentos New Age, caracterizadas por um foco excessivo no positivismo e na fuga à realidade.
A terapia transpessoal também não percorre caminhos habitualmente associados a fenómenos do paranormal, do psiquismo e da perceção extrassensorial, limitando-se às esferas pessoal, interpessoal e transpessoal.
Para marcares uma sessão de terapia transpessoal comigo – presencial ou online – ou caso pretendas saber mais sobre esta abordagem terapêutica e/ou sobre como posso acompanhar-te