Integrar as constelações familiares numa sessão de terapia transpessoal é uma forma de aumentar a graduação das lentes que usamos para olhar para nós, para os nossos padrões, questões e bloqueios. Neste artigo, mostro como as constelações familiares individuais podem ser uma mais-valia num processo terapêutico.

As Constelações Familiares são uma abordagem terapêutica desenvolvida pelo teólogo, pedagogo e missionário alemão Bert Hellinger, com o objetivo de ajudar a revelar dinâmicas familiares e o impacto das mesmas em cada elemento da família.

É um tipo de Terapia Sistémica Familiar, que contribui para revelar bloqueios emocionais, conflitos, padrões e traumas não resolvidos. Desta forma, favorece a sanação e o equilíbrio da pessoa que procura acompanhamento e também, de forma indireta, de todo o seu sistema familiar. Tal acontece porque quando um elemento do sistema se move, todos se recolocam na procura de equilíbrio, ou seja, tendem para a homeostase.

De acordo com a teoria de Bert Hellinger, há padrões de comportamento que se repetem nos sistemas familiares ao longo das gerações, mesmo que as pessoas que os repetem o façam de forma inconsciente e ainda que não tenham qualquer conhecimento das histórias dos familiares que os antecederam.

A importância da história da família

A proposta das Constelações Familiares passa por olhar para cada pessoa como parte de um sistema mais vasto. Pesquisando através da sua história e da história dos seus familiares vivos e falecidos, ajuda a conseguir identificar não só os padrões de comportamento e bloqueios, mas também a sua raiz.

Quando nascemos, trazemos connosco toda a história da família, a qual pode condicionar de alguma forma a nossa vida, já que eventos que não foram resolvidos no passado, permanecem até que o equilíbrio seja restabelecido. Quando os trazemos à consciência, abre-se caminho à sua sanação e transformação.

Tornar visível o invisível

Tendo em conta que ninguém consegue agir para alterar o que quer que seja se não estiver consciente do que há e do que é, as Constelações Familiares são uma importante ferramenta terapêutica ao tornarem visíveis os fios invisíveis da nossa teia familiar, que nos liga a todos dentro do mesmo sistema.

A partir desta tomada de consciência, a pessoa que busca esta abordagem terapêutica tem a possibilidade de aceder a uma nova perspetiva de si, das suas dinâmicas, dos seus problemas e comportamentos, tendo assim a possibilidade de vislumbrar o caminho para a desejada mudança. Tal pode ser feito através de Constelações Familiares individuais ou em grupo.

Porquê recorrer às Constelações Familiares individuais?

Na minha prática terapêutica, recorro às Constelações Familiares individuais com o objetivo de ajudar a pessoa que acompanho a olhar para a trama do seu sistema familiar, de forma a melhor captar padrões inconscientes e dinâmicas subtis, percebendo o que está na raiz de certos estados emocionais, bloqueios e problemas diversos.

As Constelações Familiares individuais podem constituir o foco de uma ou várias sessões – conforme as questões a trabalhar e o interesse da pessoa – ou, então, podem ser usadas como uma de muitas ferramentas e técnicas a integrar num processo terapêutico mais vasto, como o que desenvolvo nas minhas sessões de Terapia Transpessoal.

Quem pode beneficiar de Constelações Familiares individuais?

As sessões de Constelações Familiares individuais podem ser úteis em diversas situações, especialmente quando em causa estão padrões repetitivos, conflitos emocionais e desafios pessoais. Estes são alguns exemplos de casos que podem ter indicação para uma abordagem sistémica:

Dificuldades nos relacionamentos – Conflitos frequentes com familiares, parceiros, amigos, colegas de trabalho e/ou hierarquias; sensação de desconexão ou dificuldade em estabelecer vínculos saudáveis;

Padrões repetitivos – Situações que se repetem na vida, como fracassos profissionais, questões amorosas, dificuldades financeiras ou problemas de saúde recorrentes;

Traumas e bloqueios emocionais – Experiências dolorosas do passado que afetam o presente, como perdas, separações ou eventos traumáticos;

Sentimentos de culpa ou medos sem justificação – Sensação constante de peso emocional sem uma razão clara ou dificuldades em tomar decisões importantes;

Dificuldades na relação com os pais ou antepassados – Sensação de desajuste familiar, conflitos não resolvidos ou a influência de acontecimentos do passado na vida atual;

Questões ligadas à identidade e propósito – Dúvidas sobre o próprio caminho, sensação de estar perdido ou falta de motivação para seguir em frente.

As possibilidades que as Constelações Familiares encerram de tornar visível (quase palpável) o invisível são, de facto, infinitas, bem como de ajudar a contribuir para a sanação e transformação. Se desse lado houver alguma dúvida ou curiosidade sobre esta abordagem terapêutica, fico disponível para responder através dos meus contactos.

” O coração daquele que compreendeu que o presente está em ressonância com o passado, tanto no bom quanto no mau, bate em sintonia com o mundo.”
Bert Hellinger